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Meta se move para a direita, acompanhando a tendência política nos EUA: reações globais ao fim da checagem de fatos no Facebook e Instagram

  • Foto do escritor: Renan Siqueira
    Renan Siqueira
  • 8 de jan.
  • 4 min de leitura

Atualizado: 9 de jan.


Imagem: Jakub Porzycki/NurPhoto via Getty Images
Imagem: Jakub Porzycki/NurPhoto via Getty Images
 

Veículos de comunicação ao redor do mundo repercutiram a decisão da Meta de descontinuar a verificação independente de fatos no Facebook e Instagram, substituindo-a por "notas da comunidade", um formato similar ao do X, em que os próprios usuários são responsáveis por comentar sobre a veracidade das postagens.


Em um vídeo publicado no blog corporativo da empresa na terça-feira (7/1), o CEO Mark Zuckerberg afirmou que os moderadores profissionais eram "excessivamente tendenciosos politicamente" e que chegou o momento de "voltar às nossas raízes, priorizando a liberdade de expressão".


Uma análise do jornal britânico The Guardian sugere que a decisão de Zuckerberg marca o início de uma fase de "politização partidária" da gigante das redes sociais, com o CEO buscando apoio do ex-presidente Donald Trump.


A publicação afirma que "a Meta está se movendo para a direita, alinhando-se com os ventos políticos predominantes nos Estados Unidos. Uma era mais polarizada está por vir para a gigante das redes sociais e seus executivos, embora Mark Zuckerberg, pessoalmente, tenha poucas convicções políticas além de sua ambição", de acordo com o editor de tecnologia Blake Montgomery.


"Ao anunciar as mudanças, o CEO está tentando conquistar o apoio do governo de Donald Trump, o que revela até onde ele está disposto a ir para agradar ao presidente eleito", diz a análise. "Zuckerberg acredita que Trump está moldando a agenda do discurso dominante em 2025."


O Guardian também publicou uma coluna do jornalista Chris Stokel-Walker, autor de livros sobre o YouTube e TikTok, com o título: "A nova era das mentiras: Mark Zuckerberg acaba de iniciar um processo de extinção da verdade nas redes sociais."


"Uma das observações mais provocativas foi que a Meta estaria transferindo suas equipes de confiança, segurança e moderação de conteúdo para fora da Califórnia, um estado com fortes laços com a esquerda, para o Texas, um reduto republicano", aponta Stokel-Walker.


O jornalista ainda ironiza: "Faltou Zuckerberg usar um boné MAGA (sigla de 'Make America Great Again', o slogan de Trump) e carregar uma espingarda". No entanto, ele reconhece que a decisão de Zuckerberg não é surpreendente, mas alerta que ela tem implicações profundas. "Esta é uma morte em grande escala da ideia de uma verdade objetiva nas redes sociais. Esse conceito, que já estava em risco, agora sofre um golpe definitivo, especialmente com a Meta deixando de financiar organizações de verificação de fatos independentes para preservar um mínimo de veracidade."


 

REAVALIANDO A SUBMISSÃO À ESQUERDA DEMOCRATA


Em um editorial publicado na quarta-feira (8/1), o Wall Street Journal expressou apoio à decisão de Zuckerberg.


"A vitória de Donald Trump fez com que os CEOs das empresas reconsiderassem sua submissão à esquerda democrata. O exemplo mais recente disso é a decisão acertada da Meta, anunciada esta semana, de abandonar seu regime de censura", afirma o jornal no editorial intitulado "O mea culpa de Mark Zuckerberg sobre a liberdade de expressão".


O Wall Street Journal destaca que, em um "mea culpa histórico", Mark Zuckerberg retirou, na terça-feira, a maioria dos controles relacionados à liberdade de expressão da plataforma.

O jornal recorda que, nos últimos anos, a Meta implementou políticas de verificação de informações, algo que foi feito em grande parte para agradar políticos democratas.


"Zuckerberg está recuperando a coragem de suas convicções sobre a liberdade de expressão. Nos primeiros anos do Facebook, a plataforma adotava uma abordagem de não intervenção na moderação de conteúdo. Contudo, após a eleição de 2016, os democratas criticaram a plataforma por não agir o suficiente contra a desinformação russa, que eles alegaram ter ajudado Trump a vencer", explica o editorial.


A publicação critica o modelo de moderação de conteúdo implementado pela Meta, que será abandonado após o anúncio de Zuckerberg feito na terça-feira (8/1).


"O Facebook criou um sistema opaco no qual parceiros terceirizados, como veículos de comunicação e organizações sem fins lucrativos, realizavam a checagem de fatos das postagens. As publicações classificadas como enganosas ou falsas eram rebaixadas nos feeds dos usuários. O viés de esquerda nas checagens de fatos gerou uma reação conservadora e pressão para modificar a Seção 230, de forma a limitar as proteções de responsabilidade das plataformas online", aponta o jornal.


O Wall Street Journal sugere que a Meta está tentando se aproximar de Trump e dos republicanos, além de buscar reconquistar o apoio do eleitorado americano.


"Essas mudanças podem ser em parte motivadas pelo desejo da Meta de restabelecer uma boa relação com os republicanos, que em breve assumirão o controle de Washington, além de evitar mais regulamentação das Big Techs. Mas Zuckerberg também está respondendo ao recado dado pelos eleitores ao escolher Trump: acabar com o imperialismo progressista", afirma o jornal.


"Alguns conservadores pedem maior regulamentação das plataformas de mídia social, alegando que elas se tornaram praças públicas. Mas Musk e Zuckerberg estão mostrando como os mercados, inclusive os políticos, estão solucionando o problema da censura. Mais controle governamental sobre o discurso só pioraria a situação", conclui.


O New York Times comenta que a moderação de conteúdo nas redes sociais está sendo retirada das mãos das plataformas e transferida para os próprios usuários.


"A Meta agora quer apresentar seu próximo verificador de fatos — alguém que identificará falsidades, corrigirá informações erradas e alertará outros sobre conteúdos enganosos. Esse verificador é você", diz o jornal.


Ainda segundo o New York Times, "uma reviravolta como essa seria impensável após as eleições presidenciais de 2016 ou até mesmo de 2020, quando as empresas de mídia social se viam como combatentes involuntárias na linha de frente de uma guerra contra a desinformação".


"As mentiras generalizadas nas eleições de 2016 geraram uma grande reação pública e debates internos nas empresas de mídia social sobre seu papel na disseminação de notícias falsas. As empresas reagiram investindo milhões em moderação de conteúdo, contratando verificadores de fatos terceirizados, criando algoritmos complexos para restringir conteúdo tóxico e implementando uma série de rótulos de advertência para conter a propagação de informações falsas — ações vistas como essenciais para restaurar a confiança pública", conclui o jornal.

 
 
 

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